R.I.P. Lyle Tuttle 1931-2019
Outra grande perda para o mundo da tatuagem: Lyle Tuttle, percursor da tatuagem moderna, faleceu pacificamente na última segunda-feira aos 87 anos.
Lyle Tuttle nasceu em Chariton, Iowa em 1931, mas cresceu em Ukiah, Califórnia. Em 1945, aos quatorze anos, ele pagou U$3,50 na sua primeira tatuagem (o que custaria cerca de U$50 hoje). Quatro anos depois, em 1949, ele começou a tatuar profissionalmente aos dezoito anos.
Lyle começou a tatuar no final dos anos 1940, então ele viu os altos e baixos da arte da tatuagem na época. Ele começou a tatuar logo após a Segunda Guerra Mundial, que foi bem quando a procura pelas tatuagens diminuiu bastante. Durante a guerra, milhões de soldados foram tatuados, então o mercado estava a todo vapor. Com o fim da guerra, a popularidade da tatuagem acabou consequentemente caindo. Ele abriu seu próprio estúdio em São Francisco em 1954, e começou a tatuar muitas celebridades que, por sua vez, atraíam repórteres que lhe perguntavam sobre a história das tatuagens e assim por diante. O negócio ficou aberto por quase 30 anos e, durante este tempo, Tuttle tatuou nomes como Janis Joplin, Cher, Jo Baker, Henry Fonda, Paul Stanley, Joan Baez, The Allman Brothers e muitos outros músicos, estrelas de cinema e outras celebridades da época.
Tuttle deu uma entrevista para a revista grátis de tatuagem Prick, publicada em janeiro de 2001, aonde ele explica o que acredita ter trazido as tatuagens de volta à tona após o declínio ocorrido com o fim Segunda Guerra Mundial:
O que fez as tatuagens saíssem da calmaria que você citou quando começou?
"A libertação feminina! A libertação das mulheres, cem por cento! Isso colocou a tatuagem de volta no mapa. Com as mulheres ganhando uma nova liberdade, elas podiam se tatuar quando quisessem. Isso aumentou e abriu o mercado para os outros 50% da população, toda a raça humana! Por três anos, eu praticamente só tatuava mulheres. A maioria delas fazia tatuagens puramente para o entretenimento, como atrações de shows em circos. Freaks que se auto criavam, esse tipo de coisa. As mulheres tornaram a arte da tatuagem mais suave Em seguida, os negros começaram a tatuar. Esse foi o outro grande impulso para a indústria de tatuagem, na verdade. A imprensa fez mais por esta indústria do que qualquer outra coisa. Exatamente o mesmo que você está fazendo agora. Eu fui a capa da revista Rolling Stone. O Wall Street Journal publicou uma matéria de capa sobre mim na seção de personalidades em 1971. Pouco depois, uma garota me ligou toda empolgada. Ela me disse que vinha de uma família de corretores da classe alta e acabou se casando com um corretor da bolsa, mas sempre quis uma tatuagem. Seu pai era totalmente contra a ideia. Então, um dia, do nada, o pai ligou para ela e disse: "Por que você não faz uma tatuagem, querida?" Ele tinha lido sobre tatuagens no bendito Wall Street Journal e de repente a ideia já não era mais tão ruim! A palavra impressa é duradoura. A televisão é passageira. Você assiste e já esquece. Revistas começaram a ser lançadas e as pessoas começaram a divulgá-las. Cada vez mais pessoas passaram a tomar conhecimento da forma de arte que estava se desenvolvendo. Com o crescimento da aceitação da tatuagem, vários artistas mais habilidosos foram surgindo. E esse ainda é o caso hoje, o nível está cada vez melhor. Como pode um homem que dedicou mais de cinquenta anos de sua vida a essa indústria não aproveitar a situação atual? Tenho orgulho de fazer parte da história. Estou orgulhoso do que se tornou e estou ansioso para ver o que acontecerá a partir daqui. Tatuagens estão por toda parte agora, caramba. Nós até temos uma revista gratuita de tatuagem! Olha essas coisas por todo lado (apontando para todos as revistas PRICK espalhadas) ".
Lyle foi um dos tatuadores mais famosos da metade do século XX. De certa forma, ele foi o responsável por restaurar a popularidade da tatuagem. Este grande artista com uma longa história no mundo da tatuagem será lembrado para sempre. Nossas condolências a sua família e amigos.