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Mikhail Nechaev: As tatuagens como troca de energia

Mais conhecido por seu nome artístico Mitatink, Mikhail conta como foi a sua jornada para se tornar o artista que é hoje. Continue lendo para saber mais sobre esse tatuador incrivelmente talentoso.

Mitatink nasceu e cresceu em uma pequena cidade na Rússia, onde obteve seu primeiro diploma em engenharia de energia. Ele então trabalhou como chef em um restaurante japonês por vários anos, mas acabou se tornando um tatuador requisitado mundialmente. O protagonista desta história, Mikhail Nechaev, perseguiu seu sonho e não desistiu dele em hipótese alguma, considerando-o a coisa mais importante de sua vida.

Quando você percebeu que a a tatuagem era o que realmente lhe interessava?

Na verdade, tatuagem é uma arte, e a arte sempre me interessou desde criança. Lembro-me de pedir à minha mãe que me levasse à escola de arte. Ela não disse não, mas também não pude ir às aulas por muito tempo. Não gostei da abordagem dos professores: não havia liberdade criativa. Tudo tinha que ser feito exatamente como eles diziam. Como resultado, abandonei a escola, mas mesmo assim não perdi o interesse. Não posso dizer que me inspirei em algo específico. É como se estivesse interessado em absolutamente tudo. Eu queria absorver tudo. Fiz minha primeira tatuagem quando tinha dezenove anos.

Mas então naquela época você não achava que se tornaria um tatuador?

Não, eu não achava. Mas eu estava criando esboços para minhas próprias tatuagens, discutindo-as com meu tatuador e depois trabalhávamos juntos. Sabe, eu sempre quis fazer algo único. Algo que não parecesse com as tatuagens que a maioria dos clientes fazia. Comecei a trabalhar nessa indústria por acaso: conheci o fundador de um estúdio de tatuagem através das redes sociais. Ele estava prestes a abrir seu negócio e estava recrutando funcionários. Combinamos de nos encontrar uma semana depois. Eu estava trabalhando duro no meu portfólio, fazendo experiencias com a minha arte, pois precisava para trazer à tona todo o meu potencial criativo. E quando finalmente nos conhecemos, fui honesto e disse a ele que não tinha nenhuma experiência na indústria, mas estava interessado e pronto para tentar.

Então, você se tornou um tatuador imediatamente?

Claro que não! No começo, trabalhei como gerente. Me ajudou a mergulhar na profissão, entender como os tatuadores trabalham e se comunicam com seus clientes, e que tipo de equipamentos eles utilizam. Além disso, sempre de lia os fóruns de tatuagem. Na época não haviam outras fontes, como por exemplo vídeos do YouTube ou guias de aprendizagem. Mas eu estava muito interessado, meus olhos brilhavam como lâmpadas. Mas ainda não havia ousado tocar na máquina de tatuagem.

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Quando foi que você finalmente deu esse passo?

Depois de algum tempo, o dono do estúdio de tatuagem disse que era hora de tentar tatuar um cliente. Obviamente eu tinha muito medo de errar, de fazer algo errado. E então um dia eu estava sentado com uma amiga e ela disse: "Eu quero uma tatuagem!" Passamos metade da noite desenhando o esboço e concordamos que, se algo não funcionasse, cobriríamos o erro com um quadrado. Mas o mais interessante aconteceu quando eu estava com a máquina de tatuagem em mãos: não fiquei nem um pouco nervoso. Comecei a usar a máquina como se fosse um lápis. Minha amiga gostou do resultado e percebi que precisava continuar tatuando. Eu já havia decidido há muito tempo sobre o estilo que iria tatuar: gráfico, linhas e pontos. Eu gostava de desenhos geométricos. Porém, esses estilos ainda não eram tão populares na época, os clientes queriam algo com realismo de cores, e eu sempre seguia as tendências e tentava colocá-las em prática.

Como você foi parar na Europa? Você está trabalhando muito lá agora.

Gosto muito de viajar, descobrir novos lugares e conhecer novas pessoas. E conhecer uma garota me levou a essa nova experiência de vida. Ela já esteve em muitos países europeus e me contou sobre seu tempo na Itália e na Alemanha, e isso me inspirou muito. Quando ela então sugeriu trabalhar e viajar juntos, eu concordei. Eu não tinha muita certeza se minha arte interessaria a alguém no exterior, mas no fim deu tudo certo. Já estive em muitos países e tive a oportunidade de trabalhar em diferentes estúdios.

O que mais te impressionou nessas viagens?

Cada estúdio é como uma pequena família. Em alguns deles trabalhei várias vezes. Eles são todos muito abertos, amigáveis ​​e solidários. Talvez por isso sempre fui recebido como um bom e velho amigo. Na verdade, sou um cidadão do mundo, me sinto confortável onde quer que esteja. Nem sempre é o lugar que importa, mas sim as pessoas com quem você está. E posso dizer que tive muita sorte com as pessoas. É fácil para mim encontrar pontos em comum com qualquer pessoa. A menos, é claro, que a pessoa seja totalmente negativa.

"Nem sempre é o lugar que importa, mas sim as pessoas com quem você está"

Você gostaria de trabalhar nos EUA?

Sim, gostaria muito. Tenho a impressão que a abordagem mais bem-sucedida agora seria trazer a tatuagem o mais próximo possível da arte moderna, fazer uma convenção no formato de uma exposição de grande escala que estaria ligada à arte contemporânea e às tecnologias digitais. Tenho certeza que a experiência pode ser aplicada nos EUA, pois eles sempre tratam novos projetos com interesse e até admiração. Agora, muitas pessoas dos Estados Unidos me escrevem dizendo que querem trabalhar comigo. Espero que tal resposta se torne uma nova etapa da minha vida.

Misha acredita que uma tatuagem não é apenas um serviço que pode ser vendido a um cliente. Ela é também uma oportunidade de se olhar de forma diferente e descobrir algo novo. E para os clientes, fazer uma tatuagem é uma ótima forma de lidar com suas próprias emoções ou, por exemplo, capturá-las em seus corpos. Enfim, é uma troca de energia e não tem como fazer nada sem ela.

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